07 agosto, 2011

uma pausa;

Andei avaliando umas coisas;
umas coisas que penso e vejo,
e outras que me dizem e sentem.

Pensei que o que penso é meu;
diz respeito a mim somente..mas
acaba dizendo a outras pessoas
também, que prefiro não dizer.

Sendo assim aqui mais não escrevo.
Penso sim, fica na cabeça. Se sai,
vai pro papel, do bloquinho da minha
estante.

Aqui pra que? acaba machucando,
e depois dói. Não tenho essa ambição,
não quero ficar famosa, nem ter mil
amigos. Um bom amor no peito, um
sorriso no rosto e idéias avulsas me
bastam.

uma pausa nessa coisa de blog.

24 maio, 2011

His Day, Today!

A quanto tempo não escrevo? 
E como não escrever hoje?
Aniversário dele.

E como eu não sabia que era hoje? Como pude me esquecer?
E ao saber, não por acaso, já estou com ele aqui.
Blowing in the Wind é a música que ele canta pra mim agora, clichê eu sei. Mas e daí?
Desde pequena ele já acompanhava nossas viagens, no passat amarelado do meu pai, janelas abertas indo pra praia. Depois, um pouco mais além, nos domingos de manhã em que aprendi a tomar chimarrão. E então lembro que não-me-lembro dele por um certo período. Mas não sei bem o por quê.
Foi porém em fevereiro de dois mil e nove que a gente se reencontrou. Ele ali, de jaqueta de couro, mantinha, tímido, cigarro no canto da boca. Era carnaval, mas ele não sabia disso. E ali na dele, cantarolava o folk de sempre. Eu não tinha lhe dado muita atenção em algum tempo, mas naquele carnaval a gente se reencontrou - sem ele nem saber.
E tudo melhorou, assim simples. As angústias me cercavam, ele cantava pra mim. O telefone não tocava, ele me tranquilizava. O jeito cool, o jeito calm, o jeito clear dele me contagiou. “repeat” foi o jeito que eu achei de mante-lo sempre por perto.
Algumas noites foi chorando contra o travesseiro, abafando os soluços, que ele me fez dormir. Dúvidas, dúvidas e mais dúvidas.
As vezes era no ônibus, indo pra faculdade - dormindo, ou conversando - que ele surgia, como uma fuga pra minha mente atrapalhada, ou como assunto de uma conversa.
E assim a nossa vida tem sido, invernos e verões.
Amigos vieram e foram. Amores foram. Amores vieram e foram. Amor veio. E sempre com ele ali, trilha sonora pros meus ups and downs.
Se foi a voz arrastada, se foi o cabelinho bagunçado, se foi o som da gaita, se foram as letras ácidas e emotivas, se foi Like a Rolling Stone, se foi o carnaval de dois mil e nove, se foi ele, não sei. Mas foi.
E então é aniversário dele. Hoje completa 70 anos de vida, e eu sinto uma alegria dentro de mim. Uma verdadeira sintonia imaginária, uma vontade de abraçar, conversar, desejar os parabéns, de tomar um drink e ouvir mais uma vez qualquer uma das baladas que sei de cor. Por que ele pode não saber da minha existência, dos meus sentimentos... mas pra mim ele é e sempre será o amigo, o affair, o ídolo, o cúmplice, o deus, Bob Dylan.

11 outubro, 2010

9 a.m.

uma cama com o sol da manhã.
na arquitetura o professor de conforto ambiental ensina que isto é benéfico para a saúde: os tais raios matinais possuem uma tal frequência de luz capaz de matar uns tais germes e esterilizar o ambiente. [se não esterilizam ao menos tornam mais saudável e agradável.]
mas esse conteúdo é superficial.

se alguma vez você teve a sorte de estar num quarto com uma janela, essa janela voltada para o leste (considerando que você mora no hemisfério sul) e aberta, você sabe bem do que estou falando. Tá, mais ou menos. Além disso precisa estar ensolarado [parece óbvio].

porém eu quero falar de algo não tão óbvio, e não-comentado em nenhuma aula de arquitetura:
experimente estar nesse quarto, agraciado com o sol da manhã, numa (manhã) de primavera e com a companhia ideal. É, aquela companhia que se deita do teu lado com leveza. Te toca no rosto, comentando teus sinais de pele e achando todos lindos. Canta uma música dos beatles - mais clichê impossível - rindo alto. E depois vocês conversam amenidades: tu apertando os olhos pra ver a outra pessoa contra a luz forte, a outra brincando com um botão pequeno do teu casaco.
e então acontece. se pela alegria do novo dia, ou pelos muffins do café-da-manhã; se pelo jeito que tu sorri, pelos raios de sol que entram ou pela noite bem dormida.. por tudo isso ou ainda outras coisas acontece tão lindo. Tão intenso, que ofusca o próprio sol.  É capaz de matar todos os germes do pensamento, esterilizar a alma pra semana inteira e ainda compor uma nova-bossa-nova.

13 setembro, 2010

o calor de setembro

/a estação mudou, junto com os anos.
e se os atros que desalinharam ou ela
que foi se deitar em outro ninho, não sei.
A desordem, o caos, lençóis, cigarros,
ascendentes bêbados com lágrimas de ouro.
Companheiros de som, de letra, de língua,
de sorrisos que abraçam queimando o (f)rim.
AMIGOS: dela. meus. nossos. ela e eu: uma.
a luz da tarde que cai com o riso que cresce
se lavam em café extra forte, sem açúcar com
poesia. é amor de virgem (ou de peixes)/.

07 setembro, 2010

Agosto passou...

..inteirinho. 
daquele jeito que só um agosto sabe passar. meio sem fim, meio chato, quente e frio. um agosto cheio de dias, dias cheio de horas, e horas que demoraram a passar. Um agosto de blusão de lã, shorts e as primeiras sandálias. E nesse mês de agosto, que acabei de citar, não escrevi. nem uma linha. Ao menos não aqui. E se tantos dias, e tantas horas e sandálias, e também tantos sentimentos houveram, não sei porque não houve linha.
Dizem que a felicidade não gera literatura; e que a tristeza por sua vez, essa sim, rende os mais bonitos escritos. Não sei se concordo.
Será que isso significaria que andei feliz pelo mês de agosto? pode ser. Mas isso significaria dizer que agora estou triste, já que estou escrevendo. ou talvez; apenas, que já é setembro.
Estou triste. mas por perceber que não escrevi nenhuma linha e agosto; e agosto passou, cheio de dias e horas. e não voltará, e eu não escrevi; e agora me sinto uma tola, por tentar recuperar o que não escrevi em agosto, aqui escrevendo sobre agosto.
sabe que num desses dias do mês-mais-cheio-de-dias fiz aniversário? pois é, uma função. lembro de peixe cru com arroz, sacolas, chapéus e um suco que chamavam de louco; meus pés latejando no outro dia. De fato muitas outras coisas aconteceram, afinal, pra preencher todo aquele bando de horas, mas nem vale a pena querer citá-las, já vale sentí-las, e tê-las vividas.
E como disse, estou triste. Não apenas pela tentativa frustrada de remendar o não-dito em agosto. triste pelo vinho branco que ontem comemorava seis meses num bar distante, e que hoje virou lágrimas de sangue azedo nas nossas caras. Pelo filme romance-cult que vimos a poucas horas, e agora já é um Bang-Bang sem mocinho nenhum, só vilões. ou vilãs. eu e tu.
cara, o que fizeram desse tal de setembro?


29 julho, 2010

o sabor do tempo

Que gosto o tempo tem?
Salgado? Ácido? Doce? Aerado? Qual o gosto do teu tempo?
Hoje em dia, esperar é perder. Tudo é para agora, já passou. Pessoas se desesperam se um site saí do ar por cinco minutos. Quase choram se a sessão do banco expira e precisam re-logar. Um hot-pocket de 3 minutos: tempo infinito dentro do micro-ondas.
Se algo demora, você perdeu o tempo, fez um mal negócio. Dar um tempo num relacionamento, é o mesmo que o fim (?). O imediatismo moderno está nos privando do sabor único da demora, da espera, do tempo em sí.
Deixamos de viver prazeres como o de tirar uma foto e alegrar-se ao vê-la um mês depois quando revelada. Ou o gosto de receber uma carta postada 10 dias atrás, com palavras que continuam vigentes. Contar os dias para ver alguém.
O “aqui e agora” tem acabado com a graça do jogo, e o celular seria assim, o darth-vader do tabuleiro.
(já posso ver as caras feias que levarei ao dizer isso, mas direi igual): qual a maldita necessidade de sabermos o posicionamento preciso de alguém em qualquer instante do dia? As pessoas viraram satélites em missões teleguiadas e ninguém me avisou, foi isso?
-not.
Alguém aí (respondam) lembram do prazer que é, ao final de um dia inteiro – ou até de uma semana toda – longe de quem se gosta, fazer uma ligação planejada, ansiada, aguardada e saborosa pra falar sobre a vida?
-fui ver minha vó
-já sei
-fiz compras no shopping
-3 blusas
-comi torta no almoço
-me contou
Claro né. Os dois viventes se falaram 23 vezes nas últimas 7 horas, o que pretendem conversar agora?
Monótono.
Libertem-se dos telefones kidz!! Dos pagers, e-mails, mensagem de texto, sinal de fumaça. Desliguem os telefones durante a academia, o banho o sono. Se for o de casa, tirem do gancho – SEM CULPA pela ligação perdida (ela virá muito mais gostosa, mais tarde). Criem expectativas, guardem surpresas, se surpreendam. Escrevam uma carta.
Tirem uma foto de filme – e depois revelem.
Montem um quebra-cabeça de 5000 peças.
Bordem.
Leiam um livro grosso, de vários volumes (coletânea de tirinhas também vale!)
aguardem, anseiem. Construam o prazer da recompensa que só o tempo transcorrido pode fornecer. E desfrutem desse tempo, pois ele tem um sabor inexplicável, comparável apenas a... um top sundae com muito caramelo.

22 julho, 2010

cosmic

é que nem uma explosão cósmica:
num instante é nada, é menor do que a menor coisa
que se possa imaginar, é sub-atômico. E no instante
seguinte por sua vez é imenso. é mais do que isso,
é infinito, e mesmo assim continua a se expandir.
aumenta monstruosamente dentro de sí, a ponto de
se colidir em suas próprias fronteiras.
E dobra-se em seu redor, dá voltas que formam círculos,
elipses, bolas.. e formam também cavalinhos de algodão.

12 julho, 2010

nossa

e quanto a mim, mim não sei.
mim sumiu, em mim, surgi.
tô aqui, aqui.
e não estou, se tão longe vou
e enxergo a mim, sem mim,
sem mãe, sem mão. um não.


sem mim, um sim. Oi!

27 maio, 2010

LOST-Leigos?

Tanto se falou de LOST. E não foi só nessa semana, mas nos seis anos que a série esteve no ar. Eu não assisti nem um episódio do inicio ao fim, não tive interesse em acompanhar e não tenho conhecimento significativo sobre a história. É inegável, porém, que LOST afetou muitas pessoas, alterou rotinas, pensamentos e teve uma repercussão imensa.
Ao que se deve este sucesso? Seria apenas por se tratar de uma série bem feita? Pelos efeitos especiais? Pela história mística e/ou misteriosa? Por preencher um vazio de significado que todos têm? Ou ainda pela possibilidade de encontrarmos respostas para as nossas próprias vidas através daquelas ali retratadas? Talvez.
Algo no que acredito - baseado no que li - é que realmente o principal da série era a vida das pessoas, as relações entre os indivíduos, entre os grupos humanos; e o resultado que sai disso tudo; e não a ilha onde a história se passa - muitas vezes chamada de “protagonista”da história.
O final poderia ter sido diferente? Claro. Sempre pode, tanto na ficção quanto na realidade. Mas assim como a série foi criada por alguém que precisava definir um final; também na nossa própria vida nós escolhemos como conduzi-la até chegar ao inevitável fim – que agradará alguns e decepcionará outros tantos pela falta de sentido, importância ou realizações. Ao final, o final em si é o que menos importa.
O seriado em questão é apenas o pivô de algo que entendo muito maior: a complexidade das relações humanas, da inteligência que buscamos e desenvolvemos e da nossa capacidade criativa. Cada um desses itens podendo desdobrar-se infinitamente.
Agradeço ao Thiago que teve a difícil missão de, em meia dúzia de parágrafos, me explicar tudo o que a série levou todos esses anos, e o tão comentado episódio final. Foi essa explicação que me motivou a ler um pouco mais sobre o assunto e escrever o post. Não queria deixar tantos outros leigos na cultura LOST perdidos sobre o por quê (no meu ponto de vista) ela foi tão importante e comentada.
Espero que outras séries, filmes, músicas, livros e todos aqueles meios de cultura em massa busquem não apenas entreter, mas também trazer algum aprendizado, alguma reflexão, conversas nos intervalos de aulas e em mesas de bar, interações reais entre as pessoas que - assim como os personagens fictícios de LOST - vão construindo suas vidas e definindo suas personalidades com a [grande] ajuda e/ou influência daqueles ao redor.