30 outubro, 2009

BIENAL

              Estive ontem visitando a 7ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre. Pensei na hora que seria um assunto digno de comentário (em mais de 140 caracteres). 
              Vou tentar me despir das lembranças ruíns como o calor infernal que fazia, mostrando que o verão já chegou, e que aquecimento global não é só 'papinho'; e também a mochila pesada que eu carreguei o tempo todo, fruto da minha obstinação em jamais esqueçer algo importante. (camêra digital, camêra analógica, bloquinho de rascunho, chimarrão, panos pra sentar, casaco o_O, estava tudo lá).
              Mas enfim, vamos ao que interessa. A Bienal faz parte da minha vida, me lembro de desde muito nova ir lá com meus pais e ficar perplexa diante de instalações subjetivas e abstratas. Desta vez não foi diferente. Claro que estou mais madura; tenho mais conhecimento sobre movimentos artísticos, história da arte e da cultura, conheço técnicas, tenho interesse pelos bastidores do que está exposto lá e principalmente tenho disposição de ler as tais 'plaquinhas' que acompanham as obras e incomodam tanta gente. mas mesmo assim não deixa de ser como antigamente: fascinante.
              As exposições do SANTANDER CULTURAL pertecem ao grupo entitulado "PROJETÁVEIS", um conjunto de 19 obras (selecionadas entre mais de 800) brincam, definem e desafiam os significados das palavras  'projeto' e 'projeção'. Nos fazem pensar, nos fazem sentir e principalmente interagir com obras e ambientes inusitados. Segue a foto que tirei de um deles, onde um remix musical requintado tocava coisas com frases de LE CORBUSIER gravadas nos anos 40:

              Seguindo para o MARGS, lá está o conjunto de exposições entitulado "DESENHO DAS IDÉIAS" - lá, como o nome nos sugere, estão obras muito mais bidimensionais, mas nem por isso menos interessantes. Estas obras visam mostrar o desenho como o plano de fundo das criações artísticas, é na folha que o artista pratica, e cresce. Assim como na arquitetura, muitas vezes as idéias são repetidas/repensadas em infinitas combinações até surgir a obra final.

              A parte mais interativa e impressionante -na minha opnião, claro - da mostra está no cais do porto (mostras ABSURDO, FICÇÕES DO INVISÍVEL, BIOGRAFIAS COLETIVAS E ÁRVORE MAGNÉTICA), por dois motivos:
Primeiro pelas obras em si. Pela criatividade, pelos efeitos obtidos através dos materiais mais diversos e mais inusitados, pela dimensão das instalações, pelos ambientes interligados mas ao mesmo tempo totalmente independentes um dos outros. São desde paredes com centenas de fotos antigas, passando por vídeos conceituais e instigantes e chegando até a um pavilhão coberto de areia, que nos remete à um clima de praia, paz, e sossego (ou outras sensações).
              Mas o segundo, e principal motivo, é o fato de tudo ali ser temporário, orgânico. Não como os quadros que serão retirados para um museu ou seguirão para outra mostra. Não. Tudo ali foi criado no próprio ambiante pelo artista, levando em conta todos os fatores únicos presentes ali. E somente ali aquelas obras fazem sentido, somente ali estão completas, somente ali são capazes de provocar 'x' efeito sobre quem as contempla.
Fazendo uma analogia com a arquitetura (me perdoem mas é inevitável para mim) fica claro a importância do estudo profundo do local onde se pretende executar alguma obra, seja ela qual for.
              O sol, as sombras, a temperatura, o espaço disponível, a época, o entorno, o fluxo de pessoas e veículos, a vegetação, o uso pretendido; TUDO isso - e muito mais - influencia diretamente o processo de criar, projetar, e o resultado que será obtido.
Algumas imagens do cais:



              Olhando para essa última ainda me lembrei: como é belo ver crianças nesse tipo de coisa, tão novas e sendo instigadas a olharem através do óbvio, enchergar arte no que antes para elas poderia ser só uma árvore seca pendurada. Quem dera todos os 'pitocos' podessem desde cedo ter esse contato com a arte.

              Finalmente o ápice para mim, que está na Rua dos Andradas - fora do complexo artístico e totalmente inserido no contexto urbano. É a Casa Derretida, impossível de descrever, mas totalmente maravilhosa de se admirar. Uma minúscula idéia pode-se ter pela foto, mas como sempre: pessoalmente é infinitamente melhor:



              Enfim, acho que já me estendi muito mais do que gostaria, e mesmo assim sinto que poderia ter falando tanto mais; ter dado informações muito mais completas e interessantes. Acho que reportar é algo tão difícil, e se tratando da bienal, se torna tarefa muito mais árdua. Acho que a conclusão que fica aqui é: VÃO LÁ PEOPLE! (um dia não tão quente se possível.) Olhem, cheirem, sintam, percebam, toquem - quando for permitido, ouçam, questionem, critiquem, entendam, se surpreendam, se indiginem, se conformem. Penso que este é o tipo de coisa que faz a vida mais completa, mais feliz. Como ouvir uma boa música, ou tomar um vinho de qualidade.


obs: site oficial da Bienal, bom para se organizar a visita e saber o que está rolando: http://www.fundacaobienal.art.br/novo/index_redirect.php

28 outubro, 2009

Speed of What?

O blog realmente me fascina.
Continuo com a mesma posição que tinha no primeiro post logo aqui à baixo, e por falar nisso (não) me envergonho da quantidade de tempo sem postar. Primeiro pois ainda não tinha divulgado o link à ninguém, o que me excluia do compromisso; e segundo pois nem mesmo encaro isto como um compromisso.
A vida está passando e as coisas vão ficando para trás. São horas na frente do computador, horas pendurada no ipod, horas em sala de aula, horas fazendo trabalhos, horas pensando, e o que sobrou do tempo dormindo (quase nada). Quando percebemos, os momentos já não estão mais nenhum aqui, e se voltar a vivê-los é impossível; mudarmos a direção do final é apenas complicado.
Queria estar com a cabeça toda na arquitetura - paixão eterna e perfeita. Mas não é o que acontece. E por isso nesse diário (semanal, trimestral ou anual) tento descarregar a tentação de me voltar pra outras coisas nesse tempo tão escasso que ando vivendo.

Me despeço com uma imagem que gostei, e também a promessa (nada séria) de voltar aqui o quanto antes.

http://tiny.cc/e6SGG

xxx