29 dezembro, 2009

o conto do sonho

 leia devagar



Foi tal qual um sonho, de tão intenso e inusitado.
E como num sonho eu era a personagem principal; e lá estava, à deriva.
E apesar de ser eu mesma a controladora dessa personagem, parecia ter ela vontade própria, agir mais por seus próprios instintos e quereres.
Foi seu instinto que a fez ligar, escrever, procurar.
Sua intuição que lhe dizia quando beijar, quando calar e quando apenas sentar-se à espera.

E a eu-personagem estava tão envolta na trama que não conseguia sequer parar, respirar, e analisar toda aquela situação. Foi apenas vivendo e sentindo. E sentindo e vivendo.

BANG.

Não houve som; mas seria esse o barulho caso representássemos o despertar daquele sonho.
Porque este despertar não foi consciente e gradual. Foi, no sonho, o afastamento bruto do outro personagem - sua principal companhia.

E ao se ver ali sozinha e sem o outro, se sentiu vazia.
E os dias se passavam cheios, mas ela os via como um grande nada.
olhava para a rua, as pessoas, os pássaros e os pixels.
Procurava aquela companhia outrora casual, mas agora tão sólida nas suas idéias.
E entendeu,
E viu,
E quis,
E sofreu,
E sorriu.
O conforto veio, ao lembrar-se que logo o sono chegaria. E ele traria novamente toda a beleza, a alegria e o encanto dos sonhos.

25 dezembro, 2009

Feliz o quê?

E todo esse papo de natal?
tem a função dos presentes:
pensa na pessoa. o que ela já tem? ou o que não tem? o que precisa? o que gostaria? será que azul ou amarelo? de vidro ou madeira? será que cabe? será que é muito caro, muito barato?

e também a comilança.
Nunca come fios de ovos, nem peru. Chester então nunca viu na vida - vivo. E aquela farofa cheia de fruta, cereja, pure, arroz também cheio de fruta (malditas frutas na comida hein.) Tudo coisa que não se come o ano inteiro e derrepente está em toda santa casa nessa linda data que o natal.

O que que tanto se comemora niguém sabe.
Jesus nasceu nesse dia? ou morreu? será que tem alguma coisa a ver com o santo graal? o advento? guirlanda por quê? e pinheiro de luzinha? O papai noel entra onde na história? e quando ele nasceu mesmo? mora na finlândia ou islândia, alguém sabe? acho que é logo ali abaixo do fim do mundo, na "Grande Oulu".

Bom, independente do que se comemora - literalmente COMEmora; os lojistas do "resto do mundo" agradeçem.
Agradeçem pela disposição do povo que trabalhou o ano inteiro, está cansando, estressado e falido; e mesmo assim se joga no capitalismo selvagem a fim de torrar o último dinheirinho que restou do décimo terceiro, se individar até o natal que vem e terminar de vez com as chances de ter umas férias um pouco mais requintadas.

Ah, mas se você é da refinada classe média (/alta) não sabe do que eu estou falando né. Pode se dar ao luxo de gastar muito combustível e gás carbônico rodando a cidade atrás de tralhas caríssimas pra todos os seus amigos e parentes (que você vê duas vezes no ano e insistem em te considerar íntima deles).
Parabéns.

E mais um natal passou, mais uma noite de intensivo-papo-de-elevador, mais algumas horas de recordações de 'como era bom o tempo em que...' o que mesmo? Mais muitas sacolas rasgadas, descaratadas, desperdiçadas.
Muitas árvores cortadas, muitos animais assassinados, muita atmosfera poluída, muita guerra por dinheiro, muita podridão, falsidade e hipocrisia.

Viva o Natal.

23 dezembro, 2009

És meu verão

E quando meus versos não forem para ti, serão sobre ti.
E mesmo quando nã forem sobre ti, serão eles também teus.
Pois sentido não há em outros os lerem, não sentirão.
E o que eu escrevo aqui se transborda de desejo, deve ser lido por ti.

O excesso de paixão termina com minhas chances de rima,
porém aumenta imensamente o meu deleite.
E sinto tuas coxas macias e brancas, querendo tê-las agora;
mesmo que em pensamento, eu me satisfaço.

Tu és o melhor pedaço, e tão deliciosa que mata.
E se for só agora, só por hoje, só neste verão:
ó que lástima
terá sido este um tempo alegre, completo em sentido e sentimento.
Escrevo aqui sobre ti, para ti, meu bem.

17 dezembro, 2009

I could write it tomorrow

this ain't us.
ain't me and ain't the chubby dog.

it's clouds in the sunny sky
when all you want is a storm.

and the party tickets we've got,
the lipstick at my neck
the tiny rabbits at the door.

it's struggling it down, so
we can cross over the light,
we can change clothes
and die when the sunset is
taking place.

14 dezembro, 2009

Tentativas, tentações.

Era tudo verdade. A primavera chegou e trouxe você.

Pernas à mostra, pólen no ar, descalços na grama.
O começo é do avesso, é estranho, é confuso.
São quatro mãos, dois corações, um par de bocas. 
infinitos sentimentos.

É o acaso cruzando essas histórias em algum 
lugar do espaço-tempo; nas 11 dimensões.


Dia de sol, alegria, carinho.
Pode dar certo, pode ser lindo e perfeito. 
E ali sentada na brisa fico a conjecturar sobre o futuro daquilo.


Dois egos.
Podem inflar, se estranhar, duelar. 
Podem então sucumbir ao inconsciente 
egoísmo do amor próprio, ou ao medo.
Ou sim, ou não; vazio.


Pois sim, riscos devem ser corridos. 
É saudável, rejuvenesce a alma, reflete no corpo.
Afinal, o que é o viver se não arriscar? 
Aproveitar chances, tentativas e tentações; 
pular de prédios, voar, nuvens; cair de cabeça, sangrar.


Cada qual que saiba da sua resistência e quão longe pode ir. 
Aquela coisa das melhores frutas no ponto mais alto da árvore; Sim.
Cabe então a ti -ó criatura- subir em algumas espécies e ver qual 
suportará o teu peso, e nesta enfim encontrarás o gosto supremo.


Tenta.

12 dezembro, 2009

Quero

Sim; e não, e talvez.
E tudo novo agora, e agora e depois.
Quero mais, em seguida menos;
e mudo de idéia, e fico quieta.

A velocidade aumenta, inverte a vontade, destrói a paciência.
Quero tanto. E quero mais, e quero mais, é mais.

É bom; me traz paz, ou conforto. E alegria também.
Na euforia eu encontro o que não busco, agradeço.
Voo sem rumo, espaireço, esmaeço, durmo sozinha.

E talvez.


04 dezembro, 2009

shoes

e toda vez é silêncio, é falta.
nenhuma palavra, e eu entendo.
um olhar, e eu queimo.


tensão que alcança os ossos,
angustia que dói nos rins,
e uma felicidade inexplicável.


e toda vez é bom e misterioso.
e tu te afasta fitando teus pés,
e eu te amo um pouco mais.