29 dezembro, 2009

o conto do sonho

 leia devagar



Foi tal qual um sonho, de tão intenso e inusitado.
E como num sonho eu era a personagem principal; e lá estava, à deriva.
E apesar de ser eu mesma a controladora dessa personagem, parecia ter ela vontade própria, agir mais por seus próprios instintos e quereres.
Foi seu instinto que a fez ligar, escrever, procurar.
Sua intuição que lhe dizia quando beijar, quando calar e quando apenas sentar-se à espera.

E a eu-personagem estava tão envolta na trama que não conseguia sequer parar, respirar, e analisar toda aquela situação. Foi apenas vivendo e sentindo. E sentindo e vivendo.

BANG.

Não houve som; mas seria esse o barulho caso representássemos o despertar daquele sonho.
Porque este despertar não foi consciente e gradual. Foi, no sonho, o afastamento bruto do outro personagem - sua principal companhia.

E ao se ver ali sozinha e sem o outro, se sentiu vazia.
E os dias se passavam cheios, mas ela os via como um grande nada.
olhava para a rua, as pessoas, os pássaros e os pixels.
Procurava aquela companhia outrora casual, mas agora tão sólida nas suas idéias.
E entendeu,
E viu,
E quis,
E sofreu,
E sorriu.
O conforto veio, ao lembrar-se que logo o sono chegaria. E ele traria novamente toda a beleza, a alegria e o encanto dos sonhos.

25 dezembro, 2009

Feliz o quê?

E todo esse papo de natal?
tem a função dos presentes:
pensa na pessoa. o que ela já tem? ou o que não tem? o que precisa? o que gostaria? será que azul ou amarelo? de vidro ou madeira? será que cabe? será que é muito caro, muito barato?

e também a comilança.
Nunca come fios de ovos, nem peru. Chester então nunca viu na vida - vivo. E aquela farofa cheia de fruta, cereja, pure, arroz também cheio de fruta (malditas frutas na comida hein.) Tudo coisa que não se come o ano inteiro e derrepente está em toda santa casa nessa linda data que o natal.

O que que tanto se comemora niguém sabe.
Jesus nasceu nesse dia? ou morreu? será que tem alguma coisa a ver com o santo graal? o advento? guirlanda por quê? e pinheiro de luzinha? O papai noel entra onde na história? e quando ele nasceu mesmo? mora na finlândia ou islândia, alguém sabe? acho que é logo ali abaixo do fim do mundo, na "Grande Oulu".

Bom, independente do que se comemora - literalmente COMEmora; os lojistas do "resto do mundo" agradeçem.
Agradeçem pela disposição do povo que trabalhou o ano inteiro, está cansando, estressado e falido; e mesmo assim se joga no capitalismo selvagem a fim de torrar o último dinheirinho que restou do décimo terceiro, se individar até o natal que vem e terminar de vez com as chances de ter umas férias um pouco mais requintadas.

Ah, mas se você é da refinada classe média (/alta) não sabe do que eu estou falando né. Pode se dar ao luxo de gastar muito combustível e gás carbônico rodando a cidade atrás de tralhas caríssimas pra todos os seus amigos e parentes (que você vê duas vezes no ano e insistem em te considerar íntima deles).
Parabéns.

E mais um natal passou, mais uma noite de intensivo-papo-de-elevador, mais algumas horas de recordações de 'como era bom o tempo em que...' o que mesmo? Mais muitas sacolas rasgadas, descaratadas, desperdiçadas.
Muitas árvores cortadas, muitos animais assassinados, muita atmosfera poluída, muita guerra por dinheiro, muita podridão, falsidade e hipocrisia.

Viva o Natal.

23 dezembro, 2009

És meu verão

E quando meus versos não forem para ti, serão sobre ti.
E mesmo quando nã forem sobre ti, serão eles também teus.
Pois sentido não há em outros os lerem, não sentirão.
E o que eu escrevo aqui se transborda de desejo, deve ser lido por ti.

O excesso de paixão termina com minhas chances de rima,
porém aumenta imensamente o meu deleite.
E sinto tuas coxas macias e brancas, querendo tê-las agora;
mesmo que em pensamento, eu me satisfaço.

Tu és o melhor pedaço, e tão deliciosa que mata.
E se for só agora, só por hoje, só neste verão:
ó que lástima
terá sido este um tempo alegre, completo em sentido e sentimento.
Escrevo aqui sobre ti, para ti, meu bem.

17 dezembro, 2009

I could write it tomorrow

this ain't us.
ain't me and ain't the chubby dog.

it's clouds in the sunny sky
when all you want is a storm.

and the party tickets we've got,
the lipstick at my neck
the tiny rabbits at the door.

it's struggling it down, so
we can cross over the light,
we can change clothes
and die when the sunset is
taking place.

14 dezembro, 2009

Tentativas, tentações.

Era tudo verdade. A primavera chegou e trouxe você.

Pernas à mostra, pólen no ar, descalços na grama.
O começo é do avesso, é estranho, é confuso.
São quatro mãos, dois corações, um par de bocas. 
infinitos sentimentos.

É o acaso cruzando essas histórias em algum 
lugar do espaço-tempo; nas 11 dimensões.


Dia de sol, alegria, carinho.
Pode dar certo, pode ser lindo e perfeito. 
E ali sentada na brisa fico a conjecturar sobre o futuro daquilo.


Dois egos.
Podem inflar, se estranhar, duelar. 
Podem então sucumbir ao inconsciente 
egoísmo do amor próprio, ou ao medo.
Ou sim, ou não; vazio.


Pois sim, riscos devem ser corridos. 
É saudável, rejuvenesce a alma, reflete no corpo.
Afinal, o que é o viver se não arriscar? 
Aproveitar chances, tentativas e tentações; 
pular de prédios, voar, nuvens; cair de cabeça, sangrar.


Cada qual que saiba da sua resistência e quão longe pode ir. 
Aquela coisa das melhores frutas no ponto mais alto da árvore; Sim.
Cabe então a ti -ó criatura- subir em algumas espécies e ver qual 
suportará o teu peso, e nesta enfim encontrarás o gosto supremo.


Tenta.

12 dezembro, 2009

Quero

Sim; e não, e talvez.
E tudo novo agora, e agora e depois.
Quero mais, em seguida menos;
e mudo de idéia, e fico quieta.

A velocidade aumenta, inverte a vontade, destrói a paciência.
Quero tanto. E quero mais, e quero mais, é mais.

É bom; me traz paz, ou conforto. E alegria também.
Na euforia eu encontro o que não busco, agradeço.
Voo sem rumo, espaireço, esmaeço, durmo sozinha.

E talvez.


04 dezembro, 2009

shoes

e toda vez é silêncio, é falta.
nenhuma palavra, e eu entendo.
um olhar, e eu queimo.


tensão que alcança os ossos,
angustia que dói nos rins,
e uma felicidade inexplicável.


e toda vez é bom e misterioso.
e tu te afasta fitando teus pés,
e eu te amo um pouco mais.

30 novembro, 2009

Distorção

A: demorou.
B: dei um tempo antes de entrar, tinha um cara suspeito aqui em frente; jeito de bandido.



     Presenciei hoje este diálogo entre duas amebas colegas de faculdade. Assim que a 'B' terminou a frase, eu entendera o que ela quis dizer. Assim como você também deve ter entendido.
     Mas após alguns segundos (na verdade foram minutos – nos quais eu devorava um pão-de-queijo substituindo minha vitamina de café da manhã.) fiquei com vergonha. Vergonha de mim, vergonha delas, e principalmente vergonha da nossa maldita sociedade. Se você ainda não entendeu, eu explico; e caso tenha entendido eu explicarei mesmo assim.
     A minha vergonha (não tenho certeza ser essa a palavra adequada) vem dos malditos (famosos e recorrentes) rótulos que criamos todos os dias, a todos os momentos - mesmo sem querer, mesmo sem saber.


     "Jeito de bandido" - defina, amiga, por favor! Não sei se ela quis dizer que o moço tinha barba mal feita, pele castigada da vida e modos simples - mas pensando bem esse poderia ser nosso excelentíssimo presidente em início de carreira (na época boa, diga-se de passagem). Ou quem sabe ele tinha cabelos compridos e despenteados, um cigarro no canto da boca e um pulôver duas vezes seu tamanho sobrepondo os jeans rasgados (seria Kurt Cobain?!)...
     Enfim, exemplos são abundantes - e todos absurdos. Digo isso pois a minha reflexão é justamente: que merda de sociedade é essa em que vivemos, onde a tua cor de pele, corte de cabelo, jeito de andar, vestir(...) definem quem tu é, ou ainda mais: o teu caráter? (sim sim, a velha pergunta eternamente sem resposta~)


     Aparências, aparências, aparências.


     É disso que o mundo dito 'moderno' se sustenta(?). E vai desde a bolsa de doze mil euros feita sob medida até o celular que conecta Novo Hamburgo à Ulaanbaatar via satélite da NASA em apenas 3 segundos (pra quê mesmo?) - passando por uma infinidade de incitáveis ítens.
     Aonde-é-que diz que pessoas que usam nike ou melissinha são menos propensos à desonestidade? Nunca li a Bíblia, mas tenho quase certeza que lá não menciona nada disso. Nem no Alcoorão, nas pirâmides egípcias ou ainda nos ensinamentos de Shiva.

     Não nego a existência de desigualdades sociais; nem que as pessoas à margem da tão pomposa sociedade se encontram muitas vezes em condições desesperadas, quase convidativas à criminalidade (mas isso é assunto para outro(s) post). Não acredito porém no molde do caráter pela classe social - não.
     Se fosse assim nossos engomados (des)representantes no poder deveriam ser exemplos à seguir (algo à dizer?), ou talvez aquele sujeito na sinaleira devesse avançar no seu carro levando sua carteira de uma vez - pra quê pedir com educação por meia dúzia de moedas não é mesmo?


     Este assunto pode se desdobrar, e tresdobrar, e transbordar... Mas entendo que meu recado foi passado, e minha indignação amortizada. (inspira, expira. inspira, expira)
    Mas digo para minha amiga 'B' (e também pra vocês, por que não): a próxima vez que cruzares na rua com alguém que preencha no seu cérebro algum rótulo negativo, pensa que essa pessoa pode ser muito mais inteligente que você, mais culta, mais habilidosa com instrumentos, mais divertida, ou quem sabe mais feliz.
     Da próxima vez, ofereça um sanduíche; um cigarro, um copo de bebida e até seus sapatos. Lembra-te que o poder de adquirir tais coisas não faz de você uma pessoa melhor, apenas uma peça com posição diferente no tabuleiro.



     E nesse jogo ganha quem conquista mais peças, e não quem adquiri mais território.

25 novembro, 2009

A Bit of Love

In the end all that matter is to love,
is to care, is to share.
 *
Look after your heart, so it can keep
beating rhythmly for you.



(...)and as our friends beatles would say, All You Need Is Love.

20 novembro, 2009

Flashes, Feelings, Flowers.

Acordo.
Abro os olhos e penso em ti. Talvez ocorra na ordem contrária, é talvez.
Então penso no dia em frente, nas tarefas a serem cumpridas, no cardápio do café-da-manhã; e antes de sair da cama penso novamente em ti. Me irrito com meus pensamentos, tento me focar:
-levanta, te veste, joga tudo na bolsa, não esquece da calculadora que hoje tem Topografia. Mas ao ligar o rádio toca aquela música. E nem mesmo tirei o pijama, me sento na borda da cama imaginando estar contigo ali.
(...)
na viagem me lembro de algumas conversas que tivemos. Me lembro dos últimos diálogos que travamos, e das bobagens que andei dizendo. Justo eu, sempre tão preocupada com a medida e o valor das palavras, what the hell is wrong with me?
e mais uma vez a música; agora no ipod. Pronto, toda a minha concentração na explicação sobre ângulos verticais da professora some; e eu vejo o teu rosto, sinto nos ombros a vibração envolvente do teu sorriso - é lindo.
(...)
Na hora do almoço, na volta pra casa, na academia, no banho, na janta. São flashes, feelings, flowers. É um gesto, uma frase, um olhar - ou até mesmo o desvio de um olhar. Tenho vontade de ti agora.
(...)
e então um encontro, casual? não. sim. Um acaso planejado, almejado, esperado com ansiedade. Um acaso imaginado, ensaiado e até evitado enquanto não houvesse certeza, não houvesse coragem, não houvesse preparo suficiente.
vc -Oi.
eu -Olá.
vc -como vai?
eu -Ah, vou ótima agora! Como é bom te encontrar. Como tu estás bem! Me conta da tua vida, do que tens feito, dos teus gostos. Me fala das tuas paixões, e se elas me incluem. Me ensina o teu jeito e o teu gosto. Me mostra que todo o meu desejo é recíproco, me prova que valeu a pena todos os pensamentos destinados à ti! Ah, eu repito - como estou bem agora! E como foi longa a espera, como as horas se desdobraram em dias, e os dias tinham horas sem fim! Mas agora aqui contigo há um minuto, parece que passaram anos. Vamos sair daqui? Vamos comer alguma coisa? Vamos passear sem destino definido, discutindo as nossas filosofias e os nossos planos de vida? Vamos!
Não eu não disse nada disso. Em um instante toda a minha prolixidade sumiu e eu com a voz fraca respondi:
-Vou bem, obrigada.


"Ao perder-te a ti perdemos tu e eu: eu porque tu eras o que eu mais amava e tu porque eu era quem mais te amava. Mas de nós dois és tu quem mais perde, porque eu poderei amar outras como te amava a ti mas a ti não hão-de amar como eu te amava." Ernesto Cardenal

14 novembro, 2009

pensamentos I

(...)tô com vontade de falar. falar e falar, até gastar as palavrinhas.
na verdade a vontade é de escrever, porque a minha escrita costuma me representar muito melhor do que a minha voz.
O problema(?) é que eu simplesmente não tenho nada a dizer. Quer dizer; tenho até demais. Provavelmente nada de muito interessante, ou ainda, nada que vá interessar a vocês.
Não me importo. Não vou me preocupar em ser coerente, em exibir coesão. Vou falar dos peixinhos que ganhei:
são quatro, laranjinhas com branco (mas não se parecem com o nemo). Dei os nomes de John, Paul, George e Ringo. Gostei, chego na beira do chafariz e digo em voz alta "Beatles, onde vocês estão? venham comer a ração".
Vou falar da raiva que eu tenho de mentiras. Raiva. As pessoas vão sempre naquela máxima de que "a mentira tem perna curta". Pra mim ela é manca, é aleijada, não tem pernas, nem braços, nem tronco. Ela não é concreta, jamais.
Vou falar também de como o dia de hoje está vago; ou (melhor) como eu estou vaga no dia de hoje. São sete da noite. Poderia ser nove da manhã ou três da madrugada, me sinto inerte mediante as horas que vão passando sem registro.
Mas posso falar também da música que toca no rádio, e eu gosto. É o mestre Bob (marley). E derrepente isso me traz uma paz, uma alegria, uma vontade de cantar junto...
"cause when you worry your face will frown, and that will bring everybody down. So don't worry, and be happy la la la".
É, estou alegre, feliz. O dia ontem foi bom, a noite também. Estou cansada. Não por causa de ontem, nem da semana; estou cansada de algumas coisas, de algumas pessoas, de algumas histórias.
Estou com vontade de fazer uma tatuagem, mais uma. Estou com essa vontada faz tempo, e ela não tende a diminuir. Tenho o desenho pronto na minha cabeça, mas não consigo expressá-lo no traço. E muito menos consigo alguém que o faça pra mim.
Preciso pensar mais um pouco, preciso escolher o local (braço? costas? perna?) preciso criar coragem, preciso ter dinheiro. Preciso esperar o verão passar.
Ahhh, idéias. Pensamentos. Posso continuar, e falar, e escrever, e compartilhar as aleatoriedades que vagam pela minha mente e se convertem em caracteres muito mais por reflexo do que por reflexão. Não, melhor não. Vou levantar, tomar uma água, fazer um carinho no totó. Vou caminhar pela casa sem direção, olhando pras coisas e tentando encontrar algo que justifiquei minha movimentação até ali. Vou me distrair com a vida.

12 novembro, 2009

responsa, oi?

A madrugada é tirana. Nela surgem nossas melhores idéias,
nela tentamos esvaziar a mente e esquecer o dia que passou.


Aqui estou eu precisando descansar, mas com uma necessidade absurda de falar sobre algo que me tirou o sono.: responsabilidade.
Caso você nunca tenha ouvido este verbete, segue a definição do nosso velho amigo Aurélio:

Responsabilidade

s.f. Obrigação de responder pelas ações próprias ou dos outros. / 

Caráter ou estado do que é responsável.

Será que precisa ser mais claro? será que tem algum conjunto de palavras que eu possa exprimir aqui e que esclareça melhor o que significa ter responsabilidade?

É mesmo incrível

Quando eu falo de responsabilidade, não estou falando de nenhuma específica, e logo, me refiro a todas: cuidar do seu cãozinho ou do gato da vizinha, tirar as fotos no casamento do seu primo, não se embriagar quando está motorizado, zelar pelo bom estado do vestido glamuroso que sua amiga lhe emprestou, não deixar o CD do Bob Dylan fora da caixinha nunca(...), e também; estudar (precisa da definição também?).

Fico pasma ao ver o descaso das pessoas, dos universitários com quem compartilho horas intermináveis em sala de aula. O celular é mais importante, a unha por fazer é mais importante, a festa do final de semana é mais importante, o ócio é mais importante. Onde está, PELOAMORDEDEUS a responsabilidade desses sujeitos? Onde está o compromisso com a sua própria educação e o aprimoramento do seu conhecimento? Aonde ficou (perdida) a fome constante do alimento intelectual?

E no ápice desta cena está a caricatura mais clássica da falta de responsabilidade: o trabalho em grupo. Chega a ser promíscuo. Aquelas pessoas desinteressadas citadas ali em cima são requeridas a se juntar para poder (quem sabe) compartilhar a falta de vontade em evoluir: o caos é total. 

Se alguma data for marcada, com certeza não será respeitada. Se algum encontro está previsto, melhor ir previnido com um bom livro - enquanto espera que talvez alguém apareça. O trabalho em grupo é tão virtual e desconexo que chega a ser surpreendente. E a supresa fica justamente ao lembrarmos que sempre há um desgarrado que ao final, faz o trabalho todo, e aceita incluir o nome dos infelizes tiranos.

C 'est La Vie, não é mesmo?

07 novembro, 2009

procrastination

Angústia.
Escrivaninha bagunçada. trabalhos. cálculos. esquadros.
Preguiça.
Chuva. frio. sábado. música. twitter. cama. comida. cores.


Telefone não toca, não pisca;
MSN não pisca, não toca.


Tarefas, deveres, obrigações.
Funções, Limites e Derivadas.


Deixei os livros na gaveta para não ter que encarar o tamanho do desafio,
fiquei de pijamas o dia todo para não ser tentada a sair de casa em busca de algo,
disfarçei um sorriso e uma conversa para não deixar nada transparecer; angústia.

30 outubro, 2009

BIENAL

              Estive ontem visitando a 7ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre. Pensei na hora que seria um assunto digno de comentário (em mais de 140 caracteres). 
              Vou tentar me despir das lembranças ruíns como o calor infernal que fazia, mostrando que o verão já chegou, e que aquecimento global não é só 'papinho'; e também a mochila pesada que eu carreguei o tempo todo, fruto da minha obstinação em jamais esqueçer algo importante. (camêra digital, camêra analógica, bloquinho de rascunho, chimarrão, panos pra sentar, casaco o_O, estava tudo lá).
              Mas enfim, vamos ao que interessa. A Bienal faz parte da minha vida, me lembro de desde muito nova ir lá com meus pais e ficar perplexa diante de instalações subjetivas e abstratas. Desta vez não foi diferente. Claro que estou mais madura; tenho mais conhecimento sobre movimentos artísticos, história da arte e da cultura, conheço técnicas, tenho interesse pelos bastidores do que está exposto lá e principalmente tenho disposição de ler as tais 'plaquinhas' que acompanham as obras e incomodam tanta gente. mas mesmo assim não deixa de ser como antigamente: fascinante.
              As exposições do SANTANDER CULTURAL pertecem ao grupo entitulado "PROJETÁVEIS", um conjunto de 19 obras (selecionadas entre mais de 800) brincam, definem e desafiam os significados das palavras  'projeto' e 'projeção'. Nos fazem pensar, nos fazem sentir e principalmente interagir com obras e ambientes inusitados. Segue a foto que tirei de um deles, onde um remix musical requintado tocava coisas com frases de LE CORBUSIER gravadas nos anos 40:

              Seguindo para o MARGS, lá está o conjunto de exposições entitulado "DESENHO DAS IDÉIAS" - lá, como o nome nos sugere, estão obras muito mais bidimensionais, mas nem por isso menos interessantes. Estas obras visam mostrar o desenho como o plano de fundo das criações artísticas, é na folha que o artista pratica, e cresce. Assim como na arquitetura, muitas vezes as idéias são repetidas/repensadas em infinitas combinações até surgir a obra final.

              A parte mais interativa e impressionante -na minha opnião, claro - da mostra está no cais do porto (mostras ABSURDO, FICÇÕES DO INVISÍVEL, BIOGRAFIAS COLETIVAS E ÁRVORE MAGNÉTICA), por dois motivos:
Primeiro pelas obras em si. Pela criatividade, pelos efeitos obtidos através dos materiais mais diversos e mais inusitados, pela dimensão das instalações, pelos ambientes interligados mas ao mesmo tempo totalmente independentes um dos outros. São desde paredes com centenas de fotos antigas, passando por vídeos conceituais e instigantes e chegando até a um pavilhão coberto de areia, que nos remete à um clima de praia, paz, e sossego (ou outras sensações).
              Mas o segundo, e principal motivo, é o fato de tudo ali ser temporário, orgânico. Não como os quadros que serão retirados para um museu ou seguirão para outra mostra. Não. Tudo ali foi criado no próprio ambiante pelo artista, levando em conta todos os fatores únicos presentes ali. E somente ali aquelas obras fazem sentido, somente ali estão completas, somente ali são capazes de provocar 'x' efeito sobre quem as contempla.
Fazendo uma analogia com a arquitetura (me perdoem mas é inevitável para mim) fica claro a importância do estudo profundo do local onde se pretende executar alguma obra, seja ela qual for.
              O sol, as sombras, a temperatura, o espaço disponível, a época, o entorno, o fluxo de pessoas e veículos, a vegetação, o uso pretendido; TUDO isso - e muito mais - influencia diretamente o processo de criar, projetar, e o resultado que será obtido.
Algumas imagens do cais:



              Olhando para essa última ainda me lembrei: como é belo ver crianças nesse tipo de coisa, tão novas e sendo instigadas a olharem através do óbvio, enchergar arte no que antes para elas poderia ser só uma árvore seca pendurada. Quem dera todos os 'pitocos' podessem desde cedo ter esse contato com a arte.

              Finalmente o ápice para mim, que está na Rua dos Andradas - fora do complexo artístico e totalmente inserido no contexto urbano. É a Casa Derretida, impossível de descrever, mas totalmente maravilhosa de se admirar. Uma minúscula idéia pode-se ter pela foto, mas como sempre: pessoalmente é infinitamente melhor:



              Enfim, acho que já me estendi muito mais do que gostaria, e mesmo assim sinto que poderia ter falando tanto mais; ter dado informações muito mais completas e interessantes. Acho que reportar é algo tão difícil, e se tratando da bienal, se torna tarefa muito mais árdua. Acho que a conclusão que fica aqui é: VÃO LÁ PEOPLE! (um dia não tão quente se possível.) Olhem, cheirem, sintam, percebam, toquem - quando for permitido, ouçam, questionem, critiquem, entendam, se surpreendam, se indiginem, se conformem. Penso que este é o tipo de coisa que faz a vida mais completa, mais feliz. Como ouvir uma boa música, ou tomar um vinho de qualidade.


obs: site oficial da Bienal, bom para se organizar a visita e saber o que está rolando: http://www.fundacaobienal.art.br/novo/index_redirect.php

28 outubro, 2009

Speed of What?

O blog realmente me fascina.
Continuo com a mesma posição que tinha no primeiro post logo aqui à baixo, e por falar nisso (não) me envergonho da quantidade de tempo sem postar. Primeiro pois ainda não tinha divulgado o link à ninguém, o que me excluia do compromisso; e segundo pois nem mesmo encaro isto como um compromisso.
A vida está passando e as coisas vão ficando para trás. São horas na frente do computador, horas pendurada no ipod, horas em sala de aula, horas fazendo trabalhos, horas pensando, e o que sobrou do tempo dormindo (quase nada). Quando percebemos, os momentos já não estão mais nenhum aqui, e se voltar a vivê-los é impossível; mudarmos a direção do final é apenas complicado.
Queria estar com a cabeça toda na arquitetura - paixão eterna e perfeita. Mas não é o que acontece. E por isso nesse diário (semanal, trimestral ou anual) tento descarregar a tentação de me voltar pra outras coisas nesse tempo tão escasso que ando vivendo.

Me despeço com uma imagem que gostei, e também a promessa (nada séria) de voltar aqui o quanto antes.

http://tiny.cc/e6SGG

xxx

08 junho, 2009

Mim ter Blog!?

Essa postagem será provavelmente a mais boba e menos lida, afinal é a primeira. Mas é assim que as coisas começam. E vocês podem se perguntar o que leva uma cidadã com eu a acordar em uma bela segunda-feira de inverno e decidir "vou criar um blog"? Lhes responderei: também não sei. Bom, como essa resposta deixa a desejar, acho que seria interessante citar como estou um pouco cansada dos meus outros meios de comunicação virtual (leia-se orkut, twitter, flickr, myspace, e-mail...)* - este por sinal, seria um bom motivo para NÃO criar um blog.
Sinto porém, uma vontade -um tanto mundana- de compartilhar com alguém (mesmo que seja o servidor do Blogspot) as minhas produções; sejam elas as fotografias que tiro, os textos que escrevo, os pensamentos e reflexões que faço, as sugestões para vida que desejo dar ou ainda alguma - outra - bobagem. Levando isso em conta, encontrei no formato do blog um bom local para tentar realizar essa tarefa, e aqui estou. A partir de hoje quando achar pertinente sentar na frente do computador para compartilhar alguma coisa (qualquer coisa) com o mundo, aqui estará o resultado. Sem mais, sejam muito bem-vindos. - a qualquer momento.
ps: ok confesso, não serei íntegra o suficiente para abandonar de vez àqueles outros meios* acima citados, mas espero conseguir reduzir. Tal qual nárcoticos anônimos.