23 fevereiro, 2010

Começa agora:

Férias.
E sobre elas poderia escrever coisas banais, dicas de descanso ou endereço de boas festas. Esse tipo de informação que as pessoas compartilham o tempo inteiro, se reunem para falar a respeito e depois voltam para casa com a sensação de conhecimento adquirido e dever cumprido.
Não concordo.
O que realmente fiz de bom nas minhas férias foi ficar sozinha. Sozinha nos meus pensamentos. 
Livre para poder dormir tarde e acordar com o meu intelecto, descansar com os meus problemas, refletir com a minha consciência, festejar com as minhas descobertas, sofrer e me deliciar com a minha ignorância.
Ler, ouvir, falar. Pronunciar em voz baixa para mim mesma aquilo que já sei, ou deveria saber, mas que na pressa do dia-a-dia é deixado para trás. Pronunciar quantas vezes quiser, até entender.
Já diria Nietzsche que a vida mais doce é não pensar em nada. Pode até ser. E céus, como vejo pessoas realmente dispostas a levar essa vida doce, a não pensar, não questionar, não querer saber. Conformistas de corpo e alma, criando suas próprias verdades e atendo-se à elas como se fossem leis supremas.

Eu quero não saber, não entender e ignorar. Quero mentiras, dificuldades e dor. Quero reverter tudo isso e poder enxergar o caminho atrás de mim. Construído por mim, e inevitavelmente sem acesso a ninguém.
Quero mais férias, quero férias o ano inteiro: Férias da vida social tão hipócrita e mesquinha. Férias do consumo, das fofocas e das preocupações mundanas.  Das falsas notícias, da caridade vazia, da educação oca. Dos deuses criados pelos homens, das verdades pobres e da felicidade sem cor. Do amor egoísta, do amor-próprio e de toda a sujeira.

as minhas férias estão recém começando.

Nenhum comentário: