20 novembro, 2009

Flashes, Feelings, Flowers.

Acordo.
Abro os olhos e penso em ti. Talvez ocorra na ordem contrária, é talvez.
Então penso no dia em frente, nas tarefas a serem cumpridas, no cardápio do café-da-manhã; e antes de sair da cama penso novamente em ti. Me irrito com meus pensamentos, tento me focar:
-levanta, te veste, joga tudo na bolsa, não esquece da calculadora que hoje tem Topografia. Mas ao ligar o rádio toca aquela música. E nem mesmo tirei o pijama, me sento na borda da cama imaginando estar contigo ali.
(...)
na viagem me lembro de algumas conversas que tivemos. Me lembro dos últimos diálogos que travamos, e das bobagens que andei dizendo. Justo eu, sempre tão preocupada com a medida e o valor das palavras, what the hell is wrong with me?
e mais uma vez a música; agora no ipod. Pronto, toda a minha concentração na explicação sobre ângulos verticais da professora some; e eu vejo o teu rosto, sinto nos ombros a vibração envolvente do teu sorriso - é lindo.
(...)
Na hora do almoço, na volta pra casa, na academia, no banho, na janta. São flashes, feelings, flowers. É um gesto, uma frase, um olhar - ou até mesmo o desvio de um olhar. Tenho vontade de ti agora.
(...)
e então um encontro, casual? não. sim. Um acaso planejado, almejado, esperado com ansiedade. Um acaso imaginado, ensaiado e até evitado enquanto não houvesse certeza, não houvesse coragem, não houvesse preparo suficiente.
vc -Oi.
eu -Olá.
vc -como vai?
eu -Ah, vou ótima agora! Como é bom te encontrar. Como tu estás bem! Me conta da tua vida, do que tens feito, dos teus gostos. Me fala das tuas paixões, e se elas me incluem. Me ensina o teu jeito e o teu gosto. Me mostra que todo o meu desejo é recíproco, me prova que valeu a pena todos os pensamentos destinados à ti! Ah, eu repito - como estou bem agora! E como foi longa a espera, como as horas se desdobraram em dias, e os dias tinham horas sem fim! Mas agora aqui contigo há um minuto, parece que passaram anos. Vamos sair daqui? Vamos comer alguma coisa? Vamos passear sem destino definido, discutindo as nossas filosofias e os nossos planos de vida? Vamos!
Não eu não disse nada disso. Em um instante toda a minha prolixidade sumiu e eu com a voz fraca respondi:
-Vou bem, obrigada.


"Ao perder-te a ti perdemos tu e eu: eu porque tu eras o que eu mais amava e tu porque eu era quem mais te amava. Mas de nós dois és tu quem mais perde, porque eu poderei amar outras como te amava a ti mas a ti não hão-de amar como eu te amava." Ernesto Cardenal

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